Promotores fizeram novo pedido de prisão contra o médium, que já é réu em outras duas ações por violação sexual e estupro de vulnerável. Preso no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, ele nega as acusações.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou nesta quinta-feira (24) o médium João de Deus pela terceira vez por abusos sexuais cometidos durante atendimentos em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal. Desta vez, ele também foi denunciado, junto com a mulher, por posse ilegal de arma de fogo, e, junto com um dos filhos, por corrupção de testemunhas. Também há um novo pedido de prisão por abuso sexual.
“Essa corrupção e coação de testemunhas reforçam a necessidade de proteger as testemunhas durante os testemunhos e na fase processual”, disse a promotora de Justiça Gabriella Clementino.
Preso há mais de 1 mês no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, o médium nega os crimes. Ao G1, o advogado dele, Alberto Toron, informou que não tem como se posicionar sobre esses casos porque ainda não teve acesso à denúncia.
A reportagem entrou em contato com a defesa da mulher de João de Deus, Ana Keyla Teixeira, e aguarda retorno. Em relação ao filho do médium que foi denunciado, Sandro Teixeira de Oliveira, o G1 não conseguiu localizá-lo.
Estupro e coação
Uma das denúncias enviadas nesta quinta-feira ao Poder Judiciário é composta por cinco casos de estupro de vulnerável, sendo que uma das vítimas é do Distrito Federal e as demais de São Paulo. Conforme o documento, os abusos aconteceram de março de 2010 a julho de 2016.
O documento conta com relatos de outras seis mulheres que dizem ter sido abusadas pelo médium. Os casos aconteceram entre 1996 e 2009. Na época dos abusos, as vítimas tinham entre 23 e 53 anos. Apesar de estes crimes já terem prescrito, eles servem para embasar o relato das demais.
Nesta ação, João de Deus e o filho Sandro Teixeira de Oliveira também respondem por coação no curso do processo e corrupção ativa de testemunha de um caso que teria acontecido em 2016. Segundo o promotor Augusto César de Souza, um dia após o registro do crime, o médium já tinha conhecimento do boletim de ocorrência e tentou, junto com o filho, “comprar” a testemunha.
“João de Deus e o seu filho, que estava armado, foram até a cidade da vítima, no norte do estado, e ofereceram a uma das testemunhas que acompanhou a vítima pedras preciosas que valiam R$ 15 mil para que fosse retirado o registro”, contou o promotor.
Nesta denúncia, MP-GO fez novo pedido de prisão do médium por abuso sexual. Para os promotores, a corrupção de testemunhas reforça a necessidade dessa medida.
Em relação ao filho do médium, foram solicitadas medidas protetivas: não sair de Anápolis, onde mora; não se aproximar das vítimas; e comparecer ao juiz mensalmente.
Posse ilegal de arma
A outra denúncia apresentada nesta quinta-feira envolve João de Deus e a mulher dele, Ana Keyla Teixeira, pelos crimes de posse de arma de fogo, tanto de uso restrito quanto de uso permitido.
“Das cinco armas, duas estavam com registros suprimidos. Todas elas estavam no quarto do casal. Por isto, a esposa dele também está sendo denunciada pelos mesmos crimes”, disse o promotor Luciano Miranda.
Essa denúncia se refere às armas encontradas na casa da família em Abadiânia. Em relação às achadas na residência de Anápolis, o MP deve oferecer outra denúncia por posse ilegal de arma de fogo.
Processos contra João de Deus
- Ações na Justiça: João de Deus já virou réu duas vezes após denúncias do Ministério Público pelos crimes de violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável;
- Denúncias no MP: Órgão denunciou o médium três vezes por crimes sexuais. Promotores também apresentaram ações por posse ilegal de armas e coação de testemunhas.
- Investigação: Polícia Civil aguarda laudos para concluir a investigação sobre lavagem de dinheiro, devido aos mais de R$ 1,6 milhão e pedras preciosas aprendidos em imóveis do médium. A força-tarefa o indiciou por abusos sexuais e posse ilegal de arma de fogo, crimes pelos quais ele foi, em seguida, denunciado pelo MP-GO.
Fonte: G1