Depois de anos de expectativa, a auxiliar de enfermagem Ana Maria Portelo Moreira realizou o sonho de ser mãe, aos 61 anos. Ela e o pequeno Ian tiveram alta do hospital, em Londrina, norte do Paraná, na última sexta-feira (1º).
O bebê nasceu na quarta-feira (30), por cesariana, após 39 semanas de gestação -tempo considerado normal para o parto-, medindo 47,5 centímetros e pesando 3,4 quilos. A mãe e a criança passam bem.
Ana Maria conta que acabou adiando o plano de ter filhos por conta dos estudos e da carreira. Em 2013, ela entrou na fila de adoção, mas percebeu que teria muitas dificuldades para conseguir uma criança recém-nascida, como era seu desejo, e acabou desistindo.
O próximo passo foi tentar uma fertilização in vitro. Mas, até então, o CFM (Conselho Federal de Medicina) impedia que mulheres com mais de 50 anos realizassem o procedimento sem aval da entidade, o que, em duas tentativas, foi negado para Ana Maria.
Ela chegou a tentar mudar o entendimento do conselho por meio de uma ação judicial, mas acabou perdendo em duas instâncias.
Em setembro de 2015, uma nova resolução do CFM voltou a dar esperanças à auxiliar de enfermagem. A entidade passou a permitir que mulheres mais velhas fizessem a reprodução assistida sem autorização, desde que a interessada e seu médico assumissem os riscos. A partir de então, Ana Maria começou a se dedicar às etapas do tratamento, feito em parte em São Paulo e outra parte no Paraná.
Segundo ela, só os gastos com a clínica chegaram a cerca de R$ 17.000. Ao todo, no entanto, ela conta que desembolsou aproximadamente R$ 50.000. “Tudo conta, como medicação, gasto com hotel, passagem”, diz.
“Depois, tive que enfrentar outros problemas, como taxa hormonal muito baixa, passei por uma cirurgia de urgência, depois um tratamento dentário, em que tive que tomar antibióticos. Toda vez, tinha que esperar mais seis meses para melhorar”, conta.
Por conta da idade e da falta de um companheiro, ela recorreu ao banco de sêmen e óvulos da clínica em que fez o procedimento. A escolha levou em conta a compatibilidade sanguínea e características genéticas parecidas com a da mãe.
“Eu era a mais novinha entre as mulheres de lá”, conta Ana Maria sobre as colegas que encontrou na clínica.
Depois de várias tentativas de implantação e uma gestação que não evoluiu, a auxiliar de enfermagem finalmente conseguiu engravidar do pequeno Ian.
GESTANTE EXEMPLAR
Apesar da gravidez ser considerada de risco, o período até o parto foi como qualquer outro, conta João Cafaro Góis Filho, médico que a atendeu durante o pré-natal.
“Fiquei apreensivo porque era a chance da vida dela, se acontecesse alguma coisa errada nessa gestação, ia frustrar muito as expectativas”, afirma.
Ana Maria apresentou dores na coluna, corrigidas com ajuda de pilates e fisioterapia, e desenvolveu diabetes gestacional, superada com um rigoroso tratamento alimentar.
“Foi uma gravidez saudável, não tive sobrepeso, como muitas mulheres, e trabalhei até a 30ª semana”, conta ela. O médico avaliza: “Se comportou como uma gestante exemplar”, diz.
Como atua na área da saúde, Ana Maria também foi auxiliada com dicas dos profissionais com quem trabalha no decorrer da gravidez.
O parto também teve alguns poucos cuidados especiais, segundo João, como o uso pela paciente de meias massageadoras, para evitar a formação de coágulos nas pernas. Doze horas após a cirurgia, ela também foi orientada a se levantar, para impedir complicações do tipo.
“De resto, ela só mostrou que é possível”, completa o médico.
Sobre o futuro com Ian, as expectativas são as melhores possíveis, como descreve a mãe. Atualmente, Ana Maria conta com a ajuda de uma auxiliar no cuidado com o bebê. Depois, pretende ajustar os horários de trabalho com o tempo demandado pelo filho.
“Acredito que, como qualquer mulher, tenho a mesma perspectiva: cuidar direitinho do meu filho”, afirma.
Fonte: Bahia Notícias