Na ânsia de fazer média com a Santa Dulce dos Pobres, os deputados estaduais se apressaram para ter um projeto de lei que criava um dia dedicado à santidade baiana. Em maio, Marquinho Viana (PSB) apresentou a iniciativa e, em agosto, a Assembleia Legislativa aprovou a criação do dia em homenagem ao Anjo Bom da Bahia, 13 de outubro. O projeto virou lei em setembro, antes mesmo da canonização da freira. A agilidade, todavia, não foi combinada com a Igreja Católica que, na teoria e na prática, dita os costumes da religião. O resultado: uma nova matéria foi encaminhada, agora pelo governador Rui Costa, transformando 13 de agosto no dia oficial de Santa Dulce dos Pobres na Bahia.
Como a moral dos políticos anda um pouco em baixa, qualquer iniciativa que se apegue a forças divinas é uma boa aposta. Possivelmente foi isso que motivou a celeridade para que Santa Dulce dos Pobres ganhasse a data da celebração da canonização como marco para ser lembrada em território baiano. Normalmente um projeto de deputado demora alguns meses para conseguir ser aprovado. Diferente da tramitação das matérias do Executivo, há textos que penam para serem pautados. O dia de Irmã Dulce não foi assim.
Se o tema não fosse tão leve, eu até diria que há uma briga por protagonismo para homenagear a santa. Para completar a lista de tentativas de figurar bem com Irmã Dulce, ainda tem a indicação para que a ponte Salvador x Itaparica seja batizada com o nome dela, que ainda não foi aprovado, mas divulgado como de autoria do líder do governo Rosemberg Pinto (PT).
Quem deve ter garantido um lugar melhorzinho no céu foi outro deputado, Aderbal Caldas. Antes de ser anunciada a canonização da Santa Dulce dos Pobres, ele propôs a Medalha Irmã Dulce, a ser concedida a instituição ou pessoa física que se destaque na promoção de obras sociais no Estado da Bahia. Foi aprovado antes mesmo do papa interceder para que a freire entrasse para o rol de santos católicos.
Diferente de outros projetos do governador Rui Costa, neste não houve pedido de urgência. O pedido para que a data 13 de agosto seja considerada Dia da Santa Dulce dos Pobres vai ter que seguir o curso regular da Assembleia. Mas como ninguém quer brigar com as forças divinas, então deve haver celeridade no trâmite, ainda que isso atinja um outro texto aprovado pelos próprios parlamentares. Se brigar com o governador já não deve ser algo lá muito fácil, imagina entrar em rota de colisão quando envolve a Bem-Aventurada. Seria dar muita sorte para o azar, não é mesmo?
Fonte: Bahia Notícias