Sopa de letrinhas: No interior da Bahia, o partido de um candidato importa pouco
Foto: Reprodução/ GloboEsporte.com

Partidos políticos no Brasil são meramente alegorias da democracia. Pelo menos do ponto de vista ideológico. Se no cenário nacional e até mesmo estadual temos a polarização entre partidos à esquerda, como PT, PSB e PCdoB, frente ao DEM, PSL e PRTB, mais à direita, nos rincões da Bahia essa lógica não é seguida à risca. Basta ver o levantamento feito apenas com essas seis siglas que, em tese, não estariam juntas nas campanhas eleitorais, mas que vão dividir alguns palanques no interior do estado.

PT e DEM são água e óleo e não se misturam, correto? Não para diretórios de 19 municípios baianos. São cidades pequenas, como Angical e Cândido Sales, mas também localidades mais conhecidas como Jequié e Santaluz. No começo do ano, a direção do Partido dos Trabalhadores chegou a publicar uma nota em que reforça a não possibilidade de firmar aliança com o Democratas em todo o Brasil. Esqueceram de avisar para esses municípios em que as duas siglas aparecem numa mesma coligação.

Se com o DEM já é pouco usual uma aliança com o PT, imagina com o PSL? Em Santo Antônio de Jesus, os petistas estão no mesmo barco que os sociais liberais, apoiando a tentativa de reeleição de Rogério Andrade (PSD). Podem não estar apoiando um ao outro diretamente. Mas, em tese, não caminhariam juntos, correto? Errado. Tanto que outra cidade, Cocos, também registra a aliança esdrúxula, mas em torno de uma candidatura do PL – que possui um pé na base do governador Rui Costa (PT) e outro como aliado de ACM Neto (DEM) em Salvador.

Engana-se quem acredita que esse tipo de contradição acontece apenas com o PT. O próprio DEM participa de coligações com o PSB em 36 cidades e com o PCdoB em 35 municípios. Em Salvador, ambos os partidos são extremamente críticos à forma como ACM Neto administra e, em reiterados momentos, explicitam que estão em lados completamente opostos na política. Não é bem assim que pensam os diretórios de cidades como Euclides da Cunha e Valença. As três legendas vão subir em um mesmo palanque.

Esse levantamento é apenas um recorte do quão irrelevante é uma sigla para muitos cidadãos baianos. A sopa de letrinhas a que se resume, infelizmente, o sistema político brasileiro é uma das razões para o crescente descrédito da população com os representantes populares. Nessas cidades, pouco importa se fulano é do partido A ou B. No máximo se ele é contra ou a favor do grupo político que está no poder atualmente. É um ciclo vicioso que apenas uma reforma política poderia minimizar. Pena que não há interesse nisso.

Fonte: Bahia Notícias

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