Apenas 94 cursos de instituições privadas de ensino superior registraram nota máxima na edição de 2019 da prova federal realizada por estudantes formandos. Os dados constam do resultado do mais recente Enade.
O montante representa 1% das 6.360 graduações avaliadas nessas instituições. Nas federais, 342 cursos alcançaram o indicador máximo, equivalente a 24% do total.
O governo Jair Bolsonaro (sem partido) tem um discurso crítico à qualidade das instituições federais.
Sob o argumento de que elas são dominadas pela esquerda, a gestão já tentou duas vezes trocar a forma de escolha de reitores por medidas provisórias, ambas sem sucesso.
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) é uma avaliação obrigatória aos alunos do último ano de cursos de graduação.
A prova compõe o sistema de avaliação e regulação do ensino superior. O exame mede os aspectos da formação geral e específica dos estudantes.
A cada três anos é avaliado um grupo de cursos. Fizeram parte da última edição graduações de 29 áreas, incluindo medicina, odontologia e engenharias.
Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (20) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação responsável pela avaliação.
Os dados incluem 8.368 cursos, presenciais e a distância (somente 2% dos cursos avaliados são dessa última modalidade).
As notas são reunidas no conceito Enade, com escala de 1 a 5, e expressa o desempenho médio dos estudantes com relação ao desempenho médio da área de avaliação à qual ele pertence.
A maior parte dos cursos, 57%, se encontram nas notas 3 e 4. Só 2% têm nota máxima e 45% ficam nas menores notas.
Do total de cursos avaliados, 76% estão em instituições privadas, com ou sem fins lucrativos. Isso espelha a proporção geral de matrículas do ensino superior em universidades e faculdades particulares.
O volume de notas baixas é maior entre os cursos privados: 42% têm médias 1 e 2. O percentual equivale a 2.691 cursos, do total de 6.360 graduações privadas avaliadas.
Outros 54% ficaram com notas 3 e 4, além de 1% com nota 5 (ficaram sem conceito 3% dos cursos em faculdades privadas).
Os resultados são mais positivos nas instituições públicas, que em geral selecionam os melhores alunos com processos seletivos disputados, como o Enem.
Dos 1.426 cursos de instituições federais, 5% tiveram as notas mais baixas (1 e 2), 70% ficaram com 3 e 4 e 24% alcançaram notas máximas. Nas estaduais, 11% registraram as notas mais baixas e 16%, a mais alta.
Ao focar apenas em medicina, por exemplo, 3% das graduações de instituições particulares (28 de 132 cursos) alcançaram nota máxima e 19%, as duas mínimas.
Na outra ponta aparecem as federais, com 29% dos cursos com 5 (são 19 de um total de 66) e 3% nos dois últimos patamares.
Como o Enade foi criado para avaliar os cursos, e não os alunos, a nota nessa prova não conta para o currículo do estudante.
Os concluintes precisam estar presentes na avaliação para colar grau, mas muitos entregam a prova em branco. A falta de comprometimento com o resultado do exame dificulta muitas vezes a aferição da qualidade dos cursos.
O Enade 2019 avaliou os seguintes bacharelados: agronomia, arquitetura e urbanismo, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, zootecnia, e as engenharias ambiental, civil, de alimentos, de computação, de controle e automação, de produção, elétrica, florestal, mecânica e química.
Também fizeram parte dessa edição cursos superiores de tecnologia: estética e cosmética, gestão ambiental, gestão hospitalar, radiologia e segurança no trabalho.
O Inep também divulgou um indicador que busca mensurar o valor agregado por cada curso ao desenvolvimento dos estudantes.
O Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), que também compõe o sistema federal de avaliação, compara os resultados do Enade com o Enem dos estudantes quando eles ingressaram nos cursos.
Dos cursos em instituições federais, 6,2% alcançam IDD máximo (também numa escala de 1 a 5). Esse percentual é de 4,5% nas privadas com fins lucrativos.
Na outra ponta, 0,8% dos cursos federais (11 graduações) ficam na menor nota do indicador, enquanto 4,9% das particulares estão nesse patamar (164).
Esses indicadores compõem o Conceito Preliminar de Curso (CPC), que é a nota de cada graduação e também leva em consideração fatores como a organização pedagógica, a infraestrutura e a titulação de professores. Uma nota ruim no CPC (abaixo de 3) pode resultar em punição para as instituições.
Fonte: Bahia Notícias