O Dia do Trabalhador em 2021 não será de comemorações para pelo menos 1,272 milhão de baianos. Esta foi a quantidade de trabalhadores desempregados registrada na Bahia pelo IBGE ao final de 2019, o equivalente a 19,8% da população economicamente ativa no estado. Para o governo de Rui Costa (PT), o melhor caminho para o enfrentamento do desemprego provocado pela pandemia de Covid-19 é o do investimento público.
Em entrevista ao Bahia Notícias, Marcelo Gavião, superintendente de Desenvolvimento do Trabalho, ligado à Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), comentou o quadro de desemprego no estado e revelou quais investimentos estão sendo realizados pelo governo baiano para o enfrentamento do problema.
“Estamos fazendo um trabalho de recuperação de postos de trabalho no estado da Bahia. Se a gente for falar dos números do pré-pandemia, a Bahia, até março de 2020, era líder de geração de empregos no Nordeste e tinha fechado o ano de 2019 como quinto estado mais gerador de empregos do Brasil. Um processo constante que vinha crescendo e se consolidando ano a ano. Quando veio a pandemia, o baque foi muito grande”, lamentou o superintendente.
Marcelo Gavião comentou que a Bahia terminou o ano de 2019 com um saldo de 37 mil postos de trabalhos gerados, mas, apenas nos seis primeiros meses de 2020, o estado viu 60 mil postos fechados. “A gente mais do que perdeu todo o acumulado do ano de 2019. Isso provocou um cenário de muita dificuldade”, disse.
Por outro lado, no segundo semestre, a Bahia conseguiu recuperar parte desses postos de trabalho fechados, terminando 2020 com um saldo negativo de 5 mil postos, segundo dados apresentados pela Superintendência de Desenvolvimento do Trabalho. Para 2021, Marcelo Gavião fala em otimismo, a partir da retomada das atividades econômicas.
“Neste ano, a gente começou com bons números também. A nossa expectativa é que a gente consiga, na medida em que as atividades econômicas sejam retomadas, recuperar essa condição de estado gerador de emprego, como a gente estava se consolidando antes da pandemia”, avaliou o superintendente.
Crítica do modelo do governo federal, de estado mínimo, a gestão estadual crê que a iniciativa privada precisa de amparo, retaguarda e planejamento estatal para sua atuação, criando assim maiores oportunidades para os trabalhadores. “O esforço nosso agora, neste momento de retomada da economia baiana, é dobrar a aposta. Dobrar o investimento”, conta Gavião.
Como exemplo de investimento na área por parte do governo do estado, houve no último dia 13 de abril a abertura de uma nova unidade central do Sinebahia, no Terminal de Integração de Pituaçu, em Salvador, com realização de 200 atendimentos para intermediação de mão de obra e 100 para seguro-desemprego. A obra custou R$ 2,2 milhões aos cofres públicos, mas a gestão estadual prevê economizar anualmente R$ 1 milhão com o empreendimento, com o fim do pagamento de aluguel para a prestação do serviço.
O governo também aposta no Programa de Microcrédito do Estado (Credibahia), que vai disponibilizar R$ 100 milhões em linha de crédito especial para 25 mil microempreendedores baianos. Os limites de crédito vão de R$ 500 a R$ 21 mil, com até 24 meses para quitar e 6 meses de carência.
A gestão estadual está investindo ainda no programa Conectar Bahia, que trata-se de uma série de cursos de qualificação profissional na modalidade de educação à distância (EAD), contemplando seis mil pessoas, entre jovens egressos de escolas públicas, trabalhadoras autônomas, rodoviários desempregados, condutores de vans escolares e de transporte complementar. Todos receberão bolsa-auxílio no valor de R$ 120 por dois meses, para assegurar o acesso à plataforma digital.
“O estado não faz nada sozinho, mas quem prepara o caminho para a iniciativa privada é o estado. A iniciativa privada não chega em um local que não existe nada e investe recursos. Ela investe se tiver amparo do estado, se tiver retaguarda, se tiver planejamento. A gente está em uma fase de planejar e investir. Como a gente consegue salvar a condição do trabalhador? Investindo”, opinou Gavião.
O superintendente ainda criticou a atuação do governo federal diante das dificuldades impostas pela pandemia. Para ele, a retomada do auxílio emergencial não foi como deveria ser e muitas famílias poderão enfrentar a fome caso o poder público não tome uma iniciativa.
“O auxílio emergencial deveria ter sido retomado no padrão e nos valores de 2020. Ele foi retomado agora pelo governo federal em um valor muito menor. Resultado: as pesquisas estão apontando que, mesmo com acesso ao auxílio, as famílias vão continuar vivendo uma crise de segurança alimentar. Não está assegurada para as famílias nem a condição mínima de alimentação”, criticou Gavião.
“Quem resolve isso? É o estado. Não é essa a função do estado? Cuidar e proteger o nosso povo? Nós precisamos fazer muito mais. Tem uma parcela do trabalho que é do governo federal. A gente tem cobrado do governo federal. Mas a gente não vai ficar só cobrando. A gente vai cobrar e fazer a nossa parte, para poder garantir que o povo da Bahia tenha cada vez mais garantias de geração de emprego e renda”, finalizou.
Fonte: Bahia Notícias