Para expandir modalidade, Febatri quer criar 'complexo para triathlon' na Bahia
Foto: Reprodução / Instagram @febatri_

Com a pandemia, a grande maioria das modalidades esportivas foi impactada tanto em seus eventos, quanto na continuidade dos treinos. Só que para os atletas do triathlon na Bahia a situação foi ainda mais complicada, uma vez que o estado não possui equipamentos esportivos especializados para o treino conjunto de corrida, natação e ciclismo. Com o objetivo de impulsionar o esporte e dar melhores condições para o desenvolvimento da modalidade, a Federação Baiana de Triathlon (Febatri) vem planejando uma série de ações e projetos para apoiar os atletas federados e incentivar mais pessoas à prática. 

“As Federações são entidades sem finalidades lucrativas. Não ter finalidade lucrativa não significa que não precisam ter lucro. As entidades são empresas e estão no mercado pagando os mesmos impostos e convivendo com as mesmas regras das empresas privadas. É preciso ter um olhar corporativo sem perder o propósito inclusivo. É possível inclusive, combinar os dois caminhos e fortalecer ainda mais as entidades. Ações como licenciamento de marcas, ampliação de mídias para divulgar as modalidades, como por exemplo a transmissão ao vivo por redes sociais e canais de streaming, promover inclusão fazendo com que exista uma integração entre as pessoas com diferentes classe sócio-econômicas, fazem com que estejamos mais unidos, possibilitando entender melhor as demandas e habilidades”, declarou Cleber Castro, presidente da Febatri, em entrevista ao Bahia Notícias. 

Um dos primeiros passos que a entidade está dando atualmente para melhorar a realidade dos atletas é conseguir locais públicos apropriados para os treinos dos triatletas. Na última semana, a entidade conseguiu, com apoio da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), a autorização para que cinco triatletas pudessem utilizar a piscina olímpica da Arena Aquática de Salvador em horários reservados, com ajuda da Federação Baniana de Desportos Aquáticos. 

Foto: Divulgação 

“A maioria dos esportes tem locais próprios [para treino]. O triathlon é um dos únicos esportes que não tem. Eu estou tentando criar essa cultura de que nós precisamos ter os nossos espaços. Solicitamos ao poder público e foi muito bem aceito que a gente pudesse utilizar os equipamentos públicos”, comentou o dirigente da Febatri. 

“Vamos levar atletas de alto rendimento, atletas que não podem pagar uma piscina privada, e assim por diante. A ideia é utilizar os espaços públicos que já existem, que a gente possa acessá-los a um custo menor”, explicou. 

“Começamos com apenas cinco para poder organizar o horário e a dinâmica de treino. Na medida que as coisas estejam fluindo conforme programado, será natural ampliarmos a participação para mais atletas. A premissa é o compromisso e a disciplina. Pois trata-se de um equipamento público, mas que possui limites de espaços e horários. Estamos priorizando os atletas que precisam treinar com maior frequência e têm competido em nível nacional. Com o tempo e o domínio na organização dessa dinâmica, será possível ir acrescentando novos grupos e novos critérios, de modo que possamos fortalecer o potencial dos atletas da melhor forma possível. Muitas vezes o Triatleta não possui condições de treinar em uma piscina olímpica. Seja por condições financeiras ou até mesmo a disponibilidade do equipamento. O treino em bons equipamentos interfere no desenvolvimento do atleta. O treino na piscina é essencial ao Triatleta”, completou.

Durante a pandemia, a Arena Aquática foi fechada por quase seis meses, impactando outras modalidades que também utilizavam o espaço para treinos. A ação, incluída nas medidas de contenção do coronavírus em Salvador, contrariou atletas. Atualmente, o local está funcionando com horários reservados especialmente para grupos limitados. Segundo Cleber Castro, para os triatletas a situação ficou ainda mais crítica entre 2020 e 2021 com a restrição de praias, que alguns atletas utilizam para a prática da natação. 

Para o atletismo, o presidente da Federação de triathlon também solicitou ao governo estadual que possa utilizar a pista do Estádio Metropolitano de Pituaçu, em horários reservados para a modalidade, como vem sendo feito com a Arena Aquática. Para o ciclismo, as vias públicas acabam sendo a única solução. 

“A ciclofaixa é para deslocamentos de até 20 km/h e o ciclista tem que disputar o espaço com os carros”, explanou o presidente da entidade. “Estamos criando a Área de Proteção ao Ciclismo de Competição (APCC), que é fechar uma via que ficará exclusiva para o triatleta, um exemplo, às terças e quintas, de 4h às 6h, no horário de poucos carros, para ter pouco impacto na sociedade”, contou. Nesta prática, a Febatri também está recebendo suporte da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) para fazer uso da Avenida Professor Magalhães Neto e de trechos na orla de Salvador. 

Foto: Divulgação 

Para que o triathlon possa ganhar ainda mais espaço, Cleber defende que mais do que tentar conseguir visibilidade sozinho, é preciso ter apoio de outras modalidades esportivas.

“Em vez de criticar que o futebol tem uma grande mídia à sua disposição, devemos ser criativos e saber como aprender e até se juntar a ele. Afinal, milhões de pessoas torcem e assistem futebol, mas nem todos praticam o futebol. Isso também acontece com a Fórmula 1. Além de usar os equipamentos públicos para treinos, temos um projeto que será utilizar o estádio para realizar uma prova de Triathlon no intervalo do jogo. Já temos o estádio, que é Pituaçu. Só falta agora termos a liberação do decreto”, explicou.

Além da conquista de espaço, o presidente da Febatri ainda comentou que vem aplicando iniciativas para fidelizar e atrair outro atletas, como criando a própria marca de uniformes e roupas de competição através da entidade e isentando o pagamento para as federações de menores de 19 anos ou maiores de 60, que comprovem baixa renda ou que sejam paratletas. 

“A inclusão também veio na criação dos segmentos/categorias Militar, Paralisia Cerebral, Síndrome de Down e Indígena. Ao valorizarmos estes segmentos, estamos reconhecendo a importância dos mesmos e isso faz com que exista uma aproximação e um engajamento em torno do esporte”, completou Cleber, que também é um dos dois representantes das Federações de Triathlon do Brasil. 

INCENTIVO E EXPANSÃO 

”Todas as pessoas são Triatletas, mas poucas sabem disso”, declarou o presidente da Febatri. Com a fala, Cleber defende que é comum as pessoas praticarem mais de uma atividade sem se darem conta. Por isso, ele destaca a importância de incentivar apenas que, de forma habitual e com disciplina, mais triatletas se profissionalizem.

“Quem nunca correu, pedalou ou nadou? As crianças muitas vezes fazem estas atividades de forma conjunta, mesmo que em dias ou horários distintos. Sendo assim, o triathlon proporciona múltiplas modalidades, onde uma complementa a outra. Para os adultos, o triathlon exige disciplina”, pontuou. 

Para que o esporte ganhe ainda mais destaque, o dirigente já possui planos de, no futuro, expandir e implementar novos e maiores espaços para a prática do triathlon. Para ele, o incentivo da utilização dos equipamentos públicos em Salvador para os atletas federados são apenas o início. A partir dessa expansão na capital, será possível levar as mesmas propostas para o interior e, quem sabe, inovar no cenário nacional no quesito investimento. 

“Pesquisamos soluções e encontramos o Triathlon Park. É uma área com uma pista de ciclismo e uma pista de corrida próxima ao mar, lago ou rio, de forma que seja exclusiva para o Triathlon. Dessa forma será possível treinar a qualquer hora do dia e ainda ter um espaço para desenvolvimento técnico e espiritual, uma vez que dentro deste parque seria possível ter áreas de meditação e ainda ter, próximo a ela, áreas comerciais e de turismo. Imagine quantos triatletas adorariam passar o dia neste lugar?”, declarou. 

O exemplo de espaço exclusivo para treinos da modalidade existe na cidade de Nur-sultan, capital do Cazaquistão. Segundo o presidente da Febatri, a entidade já busca locais na Bahia que poderiam ser aproveitados para implementar o equipamento e impulsionar ainda mais o esporte.

Triathlon Park, equipamento exclusivo para treinos e provas de triathlon no Cazaquistão Foto: Reprodução / Facebook IRONMAN Kazakhstan

TRIATHLON NA PANDEMIA

Assim como outras modalidades, a pandemia fez com que o esporte precisasse se adaptar. Um dos exemplos foi a criação do Triathlon Virtual. Os competidores tinham metas para, individualmente e onde fosse possível, realizar as provas de nado, pedal e corrida, que foram registradas com GPS. Após o recolhimento dos dados, a Febatri uniu as informações para determinar a classificação. 

“Estamos estimulando que os triatletas continuem treinando, para poderem manter a imunidade em boas condições. Uma prova é o estímulo que eles precisam para se manterem em treinamento. Se o decreto permitir a realização de eventos esportivos, mesmo que com poucas pessoas, faremos a Copa Guaibim”, comentou o presidente da Federação. O evento está programado para acontecer na cidade de Valença, com 150 participantes, no próximo dia 16 de maio. 

O dirigente da entidade ressaltou que a competição acontecerá sob protocolo de segurança contra a Covid-19, formulado com participação de entidades (inter)nacionais. “Defendemos que os eventos esportivos sejam utilizados de forma educativa para divulgação dos protocolos em suas respectivas modalidades”, finalizou.

Fonte: Bahia Notícias

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