Última opção de recuperação para os pacientes graves com a Covid-19, o procedimento ECMO é raro, caro e na Bahia acessível apenas aos pacientes da rede suplementar, aqueles com plano de saúde. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), na rede SUS não há nenhuma unidade que ofereça o tratamento por Membrana de Oxigenação Extra Corpórea (ECMO na sigla em inglês).
Entre os hospitais de Salvador, realizam o procedimento o Hospital da Bahia, Santa Izabel, Aliança, Cardiopulmonar, São Rafael, Português, Aeroporto, Jorge Valente e Ana Nery.
O tratamento foi o utilizado pelo ator e humorista Paulo Gustavo, que morreu no dia 4 de maio por complicações da Covid-19. O procedimento funciona ocupando a função do pulmão e/ou coração. Com o aparelho, todo o sangue do paciente é retirado, recebendo oxigênio e retirando gás carbônico através de uma máquina.
O custo mínimo da diária de um paciente submetido ao tratamento fica em torno de R$ 30 mil. A depender da gravidade do caso, o valor sobe ainda mais. “Às vezes um paciente precisa só da parte pulmonar, outros mais da parte cardíaca. Depende da quantidade de membrana”, explica o médico intensivista e professor da UniFTC, Albert Bacelar.
“Por exemplo: só uma instalação e a manutenção inicial vai custar entre R$ 25 mil e R$ 35 mil no primeiro dia. Aí tem canulação que é mais R$ 20 mil, tem os exames que são feitos constantemente, a questão da troca da membrana que já vai mais R$ 10 mil ou R$ 15 mil. A membrana você pode trocar uma em um dia, mas pode trocar cinco no dia. Então depende muito de cada quadro e da evolução. Quanto mais grave, mais caro”, apontou.
O intensivista explica que uma série de fatores eleva o preço do tratamento. Os aparelhos utilizados, que desde a fabricação exigem uma série de especificações técnicas complexas; a membrana utilizada, que é muito delicada e feita de um material de alto custo; além do grande número de profissionais e da exigência de treinamento específico da equipe que acompanha o paciente.
Outra particularidade do ECMO é que a equipe precisa passar por constantes treinamentos e atualizações. Albert destaca que a cada três ou seis meses os profissionais são submetidos a capacitações. Os próprios hospitais realizam esses treinamentos. Esses profissionais observam uma série de critérios para definir a necessidade de um paciente ser submetido ao tratamento. O intensivista explica que o ECMO se trata de “uma questão muito extrema” e também de “uma estratégia de exclusão”.
“[É indicado] Quando o pulmão e coração não conseguem mais trabalhar por si só e todo arsenal terapêutico e de equipamento já foi utilizado e o paciente não está melhorando. A gente indica quando é grande o risco desse paciente não responder ao tratamento. Quando já tentamos de tudo e não tem mais jeito. Se a gente não fizer nada o paciente vai morrer. Então é a gente lança mão do ECMO”, observou.
O processo é delicado e extremamente criterioso até quando funciona bem e os resultados esperados são obtidos. Quando são identificados sinais de melhora e de recuperação, o paciente precisa ser submetido a um “desmame” e é retirado do aparelho de maneira escalonada.
A pandemia da Covid-19 aumentou a demanda pelo procedimento, sinaliza Albert Bacelar. “Se a gente for olhar os hospitais de Salvador que oferecem o tratamento, nessa pandemia sempre tem algum paciente submetido em algum dos hospitais”, comentou.
Fonte: Bahia Notícias