CINGAPURA – Donald Trump e Kim Jong-un realizam nesta terça-feira (segunda-feira em Brasília) um encontro histórico e até há pouco inimaginável após décadas de tensões provocadas pelas ambições nucleares de Pyongyang. É a primeira vez na história que líderes em exercício dos dois países se encontram pessoalmente.

O aguardado aperto de mãos entre o presidente americano e o líder norte-coreano ocorreu às 9h05 de terça-feira (22h05 de segunda, hora de Brasília), em um hotel de luxo, acompanhado por milhões de pessoas em todo o mundo.

A comitiva de Trump atravessou os portões do Capella Hotel às 21h13 (de Brasília, 8h13 hora local). Minutos depois, Kim Jong-un chegou ao hotel.

Agora, os dois líderes terão um encontro a sós, antes de se reunirem com suas respectivas equipes e compartilharem um jantar de trabalho. Mas, apesar da espetacular aproximação diplomática dos últimos meses, persistem muitas dúvidas sobre a cúpula entre os dois dirigentes.

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Trump, que tem pouco mais de 500 dias na Casa Branca, vive um dos momentos mais importantes de sua presidência no cenário internacional, onde tem desagradado muitos líderes, inclusive alguns dos aliados dos Estados Unidos.

Em uma série de tuítes postados horas antes do evento em Cingapura, Trump indicou que os preparativos do encontro “iam bem”. “Em breve todos saberemos se pode haver ou não um acordo real, diferentemente dos do passado”, tuitou, antes de atacar em outra mensagem os “haters e perdedores” que consideram uma concessão arriscada a Kim, com quem o presidente americano trocou ameaças e insultos durante meses.

O encontro de Trump e Kim Jong-un
O palco onde são aguardados os líderes dos EUA e da Coreia do Norte no Capella Hotel, na Ilha de Sentosa, em Cingapura. Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
Kim Jong-un, que até este ano não havia realizado nenhuma visita oficial ao exterior, aparentou desenvoltura diante das câmeras durante seu encontro com o premiê cingapuriano.

Na noite de segunda-feira, o líder norte-coreano, que chefia um dos países mais fechados do mundo, desfrutou de um passeio em Cingapura e visitou, visivelmente encantando, os locais turísticos mais emblemáticos da cidade.

Dúvidas. Como os dois líderes vão se falar? Donald Trump será tão efusivo quanto pode ser com seus colegas das grandes potências? Quanto tempo o encontro vai durar?

Perguntas para as quais aguardam resposta os cerca de 5 mil jornalistas que, segundo o governo americano, viajaram a Cingapura para cobrir a cúpula.

O arsenal nuclear norte-coreano, que provocou uma série de sanções da ONU ao longo dos últimos anos, será a questão central das conversações.

O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, que se reuniu duas vezes com Kim Jong-un em pouco tempo, assegurou na segunda que as conversas entre Washington e Pyongyang haviam avançado rapidamente nos últimos encontros e se disse “muito otimista sobre as possibilidades de sucesso”.

Pompeo afirmou que os Estados Unidos estavam dispostos a aportar à Coreia do Norte “garantias de segurança únicas, diferentes” das propostas feitas até agora, em troca de uma desnuclearização “completa, comprovável e irreversível”.

A Coreia do Norte, que multiplicou desde 2006 os testes nucleares e balísticos, se declarou favorável à desnuclearização, embora nunca tenha entrado em detalhes sobre a forma de realizá-la.

Trump, que costuma se vangloriar de sua capacidade de negociação e de seu instinto, assegura que saberá “desde o primeiro minuto” de seu encontro com o líder norte-coreano se ele estará disposto a avançar.

A incógnita agora é saber se, apesar dos preparativos caóticos e dos sinais às vezes contraditórios enviados pelo governo Trump, o atípico presidente americano conseguirá o que nenhum de seus antecessores conseguiu.

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