Enquanto Barroso afirmou que Mendes tem “parceria com a leniência” diante dos crimes de colarinho branco, este, por sua vez, disse não ser “advogado de bandidos internacionais”.
A crítica de Barroso foi em relação à soltura do ex-ministro José Dirceu, decretada em maio pela segunda turma do STF, da qual Mendes faz parte. Já o ataque de Mendes fez menção ao fato de que Barroso, antes de chegar ao Supremo, foi advogado de Cesare Battisti, condenado por assassinatos na Itália e que ganhou o status de refugiado no Brasil –revogado este mês pelo presidente Michel Temer (PMDB).
Os ministros do Supremo estavam reunidos para julgar uma ação direta de inconstitucionalidade que questiona a extinção dos Tribunais de Contas de Municípios do Ceará, aprovada em emenda à Constituição estadual. O assunto ficou de lado por quase dez minutos devido ao embate entre os ministros, apesar dos pedidos da presidente do Supremo, Cármen Lúcia, para que a pauta fosse retomada.
Já perto do fim da sessão, os ministros voltaram a discutir.
“Quanto ao meu compromisso com o crime de colarinho branco, presidente, eu tenho compromisso com os direitos fundamentais”, disse Gilmar Mendes. “Eu não sou advogado de bandidos internacionais.”
“Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é Estado de Direito, é Estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário”, afirmou Barroso.
Cármen Lúcia tentou acalmar os ânimos mais uma vez, ao lembrar os “senhores ministros” que estavam “no plenário do Supremo”.
“Tenho esse histórico e, realmente, na segunda turma, que eu sempre integrei, temos uma jurisprudência responsável, libertária e não fazemos populismo com prisões”, prosseguiu Mendes.
“Ninguém faz, ministro. O Supremo Tribunal faz o julgamento”, respondeu Cármen Lúcia, para em seguida encerrar a sessão.
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso protagonizaram um bate-boca público nesta quinta-feira (26) durante sessão da Corte em Brasília, com direito a troca de duras acusações.