Só 3% dos alunos de 4 a 17 anos do país voltaram a ter aulas presenciais neste ano
Foto: Reprodução/Pixabay

Apesar da reabertura gradual e parcial de escolas pelo país, apenas 3% das famílias brasileiras disseram que seus filhos participaram de atividades presenciais em novembro. Em 97% dos lares brasileiros as crianças estão há mais de nove meses sem ir à escola.

Os dados são da pesquisa Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, feita pelo Unicef (braço das Nações Unidas para direitos das crianças e dos adolescentes) e divulgada nesta sexta (11).

Entre 29 de outubro e 13 de novembro, foram entrevistadas 1.516 pessoas que moram com menores de 18 anos em todas as regiões do país. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa identificou que 9% das famílias disseram que as escolas onde os filhos estão matriculados, de 4 a 17 anos, reabriram. No entanto, apenas 3% diz que as crianças e adolescentes participaram de atividades presenciais.

A reabertura das escolas ocorreu de forma mais intensa entre as famílias de maior renda. Entre os que têm renda familiar superior a 5 salários mínimos, 22% disseram que os colégios retomaram as atividades presenciais.

“A desigualdade educacional no país já era muito grande e foi evidenciada e ampliada com a pandemia. É preciso tomar cuidado para que o retorno das aulas presenciais não seja mais um fator de ampliação dessas desigualdades”, disse Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.

Os dados ainda mostram que houve queda do acompanhamento dos estudantes nas atividades remotas nos últimos meses. Em outubro, 63% responderam que os filhos faziam aulas e lições a distância cinco vezes na semana. Em novembro, o número caiu para 52%

Em 50% das famílias, os alunos levam menos de duas horas para fazer as atividades remotas. Apenas 11% diz que as crianças passam cinco horas estudando em casa, o equivalente à jornada regular das escolas.

O Unicef também destaca que a renda das famílias com crianças e adolescentes caiu e que aumentou o número de pessoas que não conseguiram se alimentar adequadamente. Em 8% das casas com menores de idade, os responsáveis responderam que deixaram de comer por falta de dinheiro, o que atinge 5,5 milhões de brasileiros. Nas famílias das classes D e E, esse índice chega a 19%.

A pesquisa também mostra que a pandemia agravou a situação das famílias de baixa renda. Nas casas que viviam com até um salário mínimo, 69% dizem ter tido redução no orçamento domiciliar.

“As disparidades aumentaram em todas as áreas, todos os indicadores da pesquisa apontam para o aumento das desigualdades. É preciso urgentemente que se fortaleça políticas de proteção social”, disse Bauer.

Fonte: Bahia Notícias

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