Autoridade de saúde dos EUA pede que AstraZeneca revise dados de eficácia de vacina
Foto: Jefferson Peixoto/Secom-PMS

A AstraZeneca, desenvolvedora da vacina contra a Covid-19 Covishield em parceria com a Universidade de Oxford, pode ter incluído dados desatualizados para chegar aos resultados de eficácia divulgados na segunda-feira (22), afirmou o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) em uma nota publicada nesta terça-feira (23).

Os dados são de um estudo com o imunizante realizado nos Estados Unidos, Chile e Peru.

Segundo o instituto, ligado à rede de Institutos Nacionais de Saúde do país (NIH), um comitê independente que monitora dados e segurança da vacina fez o alerta.

“[Os dados desatualizados] podem fornecer uma visão incompleta da eficácia. Pedimos à companhia que trabalhe com o comitê para revisar os dados para garantir que os dados mais precisos e atualizados sobre a eficácia sejam tornados públicos o mais rápido possível”, diz a NIAID na nota.

A NIAID não especifica quais seriam os dados desatualizados nem o quanto eles podem ter interferido nos resultados divulgados pela empresa.

A Covishield, que já é aplicada no Brasil, Reino Unido e outros países, ainda não tem liberação para uso nos Estados Unidos, que possui atualmente um estoque parado de pelo menos 30 milhões de doses do imunizante enquanto outras nações enfrentam escassez da vacina.

No Brasil, um acordo bancado pelo governo federal permite a produção da Covishield pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Na segunda-feira (22), a AstraZeneca divulgou que o estudo, questionado agora pela NIAID, havia demonstrado que a vacina teve eficácia de 79% contra casos sintomáticos da Covid-19 -a pesquisa não avaliou a redução de casos assintomáticos, que representam cerca de 30% do total de infectados, segundo estimativas. Assintomáticos também podem transmitir o vírus.

Ensaios clínicos conduzidos no Reino Unido, África do Sul e Brasil e com resultados publicados na revista científica The Lancet haviam apontado a eficácia da vacina de 70% contra casos sintomáticos da Covid-19.

Os dados do estudo, que contou com mais de 30 mil participantes e foi realizado em parte nos Estados Unidos, devem abrir o caminho para o pedido de autorização de uso à FDA (agência regulatória do país). Até o momento, o país autorizou apenas o uso de vacinas produzidas por empresas americanas (Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson). A AstraZeneca é anglo-sueca.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), 126 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 já foram aplicadas no país, que registrou mais de 540 mil mortes pela doença causada pelo coronavírus Sars-CoV-2.

O fato de a NIAID não questionar os dados de segurança da Covishield alivia um pouco o impacto para a AstraZeneca. Nas últimas semanas, pelo menos 20 países europeus suspenderam a aplicação do imunizante após preocupações com o surgimento de trombose venosa cerebral rara nos que receberam doses.

A decisão de governos e ministérios da Saúde europeus foi criticada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e infectologistas, que consideraram a ação precipitada.

Após uma revisão dos dados, a EMA (agência regulatória europeia) afirmou que a vacina não está associada com um aumento do risco de desenvolver eventos tromboembólicos em quem a recebe. “Os benefícios da vacina para combater o avanço da ameaça da Covid-19 (que pode resultar em coagulações fatais) continuam a superar os riscos dos efeitos colaterais”, afirmou a agência na última semana.

Após as declarações da EMA, parte dos países que haviam suspendido o uso da Covishield decidiram retomar a aplicação do imunizante imediatamente. Atualmente, parte da europa vê um aumento no número de casos de Covid-19 e a ameaça de uma terceira onda enquanto enfrenta lentidão para distribuir vacinas.

Fonte: Bahia Notícias

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