Em tentativa de reação, o setor de serviços teve desempenho positivo em abril. Na comparação com março, o volume de negócios subiu 0,7% no país. Mesmo com o avanço, o setor está 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
O resultado foi divulgado nesta sexta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
?Em relação a abril de 2020, fase inicial da pandemia, houve alta de 19,8%. É a maior elevação da série histórica, iniciada em 2012, nesse tipo de recorte. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço inferior, de 18,8%
O crescimento, entretanto, foi turbinado pela base de comparação fragilizada. É que, no quarto mês do ano passado, diversos serviços desabaram com os impactos iniciais da crise sanitária, que paralisou a operação de empresas.
Conforme o IBGE, o setor ainda continua no vermelho no acumulado de 12 meses. Até abril, a baixa foi de 5,4%. No acumulado deste ano, a variação é positiva, de 3,7%.
A prestação de serviços foi atingida em cheio pela pandemia porque reúne atividades que dependem da circulação de clientes. Entre elas, estão operações de hotéis, bares e restaurantes.
Após despencar no começo da crise, o setor ensaiou retomada ao longo de 2020. No entanto, deu sinais de perda de fôlego com a redução de estímulos à economia e a piora da crise sanitária na largada de 2021.
A alta de 0,7% em abril foi acompanhada por duas das cinco atividades investigadas pelo IBGE. O maior avanço foi registrado por serviços prestados às famílias (9,3%), que recuperaram somente uma parte da queda de 28% em março.
A melhora parcial dessa atividade está relacionada ao menor nível de restrições em abril. Dentro de serviços prestados às famílias, a principal elevação foi de alojamento e alimentação (9,8%).
Ou seja, restaurantes, bares e hotéis foram beneficiados pela reabertura de empresas e pela maior circulação de clientes.
“Esse resultado dos serviços prestados às famílias deve ser relativizado, já que em março eles caíram 28%, no momento em que houve decretos estaduais e municipais que restringiram o funcionamento de algumas atividades para controle da disseminação do vírus”, ponderou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.
Além de serviços prestados às famílias, os serviços de informação e comunicação (2,5%) também avançaram no quarto mês do ano. Esse segmento, estimulado pela corrida por tecnologia na pandemia, acumulou ganho de 4,7% nos últimos três meses da pesquisa.
Na contramão, os serviços profissionais, administrativos e complementares recuaram 0,6%, segunda taxa negativa em sequência. Em outros serviços, a baixa foi de 0,9%, eliminando pequena parte do ganho acumulado de 6,2% entre fevereiro e março.
O segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio teve estabilidade em abril (0%), após ter recuado 3,1% no período anterior.
Segundo especialistas, o avanço da vacinação contra a Covid-19 é essencial para reduzir restrições a atividades e garantir maior confiança de consumidores. Neste momento, desemprego e inflação em alta também são desafios para a recuperação dos negócios.
“O setor de serviços ainda está muito abalado. Foi o que mais sentiu as medidas de isolamento. É mais difícil para algumas atividades operar de forma remota, tanto é que ainda não voltaram ao patamar pré-crise”, analisa Fernanda Consorte, economista-chefe do banco Ourinvest.
O setor chegou a retomar o nível pré-pandemia em fevereiro deste ano, mas já voltou a ficar abaixo desse patamar em março. Lobo ressaltou que a retomada mais consistente ainda depende dos serviços prestados às famílias, que sofrem mais com restrições à circulação. Essa atividade, segundo o IBGE, está 40,1% abaixo do nível pré-crise.
“Os serviços prestados às famílias são muito dependentes [do comportamento] da onda de contaminações, que tem efeito sobre as medidas impostas por governos, flexibilizando ou restringindo o funcionamento de estabelecimentos”, indicou Lobo.
Antes de divulgar o resultado de serviços, o IBGE apresentou neste mês o balanço de outros dois indicadores setoriais: produção industrial e vendas do comércio. As fábricas tiveram redução de 1,3% em abril, na comparação com março. Já o varejo registrou alta de 1,8%.
Fonte: Bahia Notícias